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domingo, 10 de janeiro de 2010

Restinga paulista pode receber Unidade de Conservação




UC colocará a salvo planície vizinha à Serra do mar


Uma das mais importantes áreas de Mata Atlântica no estado de São Paulo poderá receber uma nova unidade de conservação. A área protegida proposta, no município de Bertioga, tem 8.025 hectares e deve reforçar a proteção de parte da restinga paulista, ecossistema que abriga rica biodiversidade e vulnerável à pressão imobiliária e turística. Além de proteger rios que abastecem a região, espécies ameaçadas e exclusivas do bioma, a unidade de conservação será a primeira a pôr a salvo a planície vizinha ao Parque Estadual da Serra do Mar.

A definição levou em conta uma série de critérios, tais como as características da vida silvestre, da vegetação e dos recursos hídricos, e recebeu apoio do Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil, que em parceria com a Fundação Florestal e o Instituto Florestal de São Paulo, realizou estudos numa área de 10.393 hectares. O chamado Diagnóstico Socioeconômico, Ambiental e Cultural do Polígono Bertioga envolveu pesquisadores de diferentes especialidades e demonstrou que o trecho possui rica diversidade biológica e protege rios que formam três sub-bacias hidrográficas – Una, Itaguaré e Guaratuba - , essenciais para a região.

“A criação e a gestão de áreas protegidas principalmente em um local de grande concentração populacional tem o desafio de equilibrar a harmonia do ser humano com o ambiente o que permite que a vida das pessoas também tenha maior qualidade”, lembra a coordenadora do programa Mata Atlântica, Luciana Simões.

A proposta para criar a unidade de conservação em Bertioga já está sendo discutida com diversos setores da sociedade. Nos dias 4 e 7 de dezembro de 2009 foram realizadas quatro reuniões públicas em preparação para a proposta final que será apresentada posteriormente em audiência, convocada no Diário Oficial e demais mídias. A previsão é que a audiência pública final seja realizada em fevereiro de 2010.

Estudos oferecem subsídios para a criação de UCs

A seleção do local serviu como piloto para testar critérios que ajudem a proteger habitats com maior representatividade, evitando as lacunas na conservação de espécies de fauna e flora, bem como dos processos ecológicos. A metodologia objetiva garantir a escolha de áreas a partir de parâmetros técnicos que confirmem sua importância, e não mais balizada por oportunidades circunstanciais, o que ainda predomina.

“A história mostra que os parques foram criados porque havia oportunidades, mas essa forma não deve se manter, pois não atende ao objetivo de conservar a biodiversidade. Queremos sair do oportunismo e da forma de criar parques de forma aleatória”, salienta a Coordenadora do Programa Mata Atlântica, Luciana Simões.

Patrimônio biodiverso no litoral paulista

As restingas se estendem por quase toda a costa brasileira e formam um engenhoso complexo de plantas e animais adaptados à influência marítima e ao solo arenoso. Atualmente, existe apenas uma unidade de conservação que abrange o hábitat no sistema estadual paulista.

Dados do Diagnóstico Socioeconômico, Ambiental e Cultural do Polígono Bertioga, realizado pelo WWF-Brasil, reforçam a necessidade de proteger a porção de restinga restante. Apesar de, por enquanto, ainda possuir menos estudos se comparadas às UCs mais intensamente pesquisadas, duas áreas dentro dessa região foram identificadas entre os trechos de Mata Atlântica com maior riqueza de espécies no estado de São Paulo, com ênfase à diversidade de anfíbios – a maior conhecida no bioma –, à concentração de aves ameaçadas e, em relação à flora, ao número de espécies de orquídeas.

Estudos realizados no Parque Estadual da Serra do Mar também reforçam a necessidade de conservação dos ambientes da planície litorânea. As matas de baixada de Bertioga, aquelas entre 0 a 50 metros de altitude, são consideradas IBAs (sigla de Important Bird Area) ou área importante para a conservação de aves. Segundo a Birdlife International / SAVE Brasil esses são locais criticamente importantes para a conservação à longo prazo das aves.

Os pesquisadores encontraram ainda 1.000 espécies de plantas no polígono de Bertioga. Elas correspondem a aproximadamente 13% do total encontrado no estado de São Paulo em áreas muito maiores e melhor estudadas. Destas, 44 espécies estão ameaçadas de extinção e outros 17 tipos de vegetação são endêmicos, ou seja, só existem nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Cobrindo parte da encostas do Parque Estadual da Serra do Mar, o polígono de Bertioga funcionará como um corredor de biodiversidade até o planalto, além de proteger a rede de corpos d’água que abastece três sub-bacias hidrográficas na planície litorânea onde os remanescentes continuam sofrendo grande pressão.


Mapa com a proposta de limites e localização da nova Unidade de Conservação em Bertioga
Mapa com a proposta de limites e localização da nova Unidade de Conservação em Bertioga/SP



Dados da UC proposta

Representatividade
  • Ecossistema de restinga, a mais ameaçada da Mata Atlântica paulista 
Localização
  • Litoral centro do estado de São Paulo no município de Bertioga 
Dimensão
  • 8.025 mil hectares 
Água
  • Duas sub-bacias hidrográficas – Rios Itaguaré e Guaratuba 
Biodiversidade
  • 40 espécies de anfíbios e 53 espécies de répteis
  • 25 espécies de mamíferos de médio e grande porte
  • 6 espécies de mamíferos ameaçados de extinção
  • Considerada uma IBA – sigla de “Important Bird Area” ou área importante para a conservação de aves
  • Cerca de 1.000 espécies de plantas
  • 44 espécies de flora ameaças de extinção
  • 17 tipos de vegetação endêmica, que só ocorre nos estados de São Paulo e Rio de Janei


 Fonte:
http://www.wwf.org.br/naturezas

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