RELATOS, NOTÍCIAS, CRÍTICAS, PESQUISAS, RESULTADOS, COMENTÁRIOS, NA VISÃO AMBIENTAL

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Ilha Tuvalu, que fica no Sul do Oceano Pacífico, com o aquecimento Global poderá sumir do Mapa.

Parques na Escócia – será o mesmo planeta?


domingo, 8 de julho de 2012


Ao longo da próxima década e meia, estima-se que a produção global de químicos aumentará 85%. Muitos compostos novos trarão importantes benefícios em diversas áreas da vida, incluindo agricultura, indústria e cuidados com a saúde.


A cada ano, cerca de 1,5 mil novos químicos entram no mercado mundial, unindo-se aos 70 mil já existentes. Ao longo da próxima década e meia, estima-se que a produção global de químicos aumentará 85%. Muitos compostos novos trarão importantes benefícios em diversas áreas da vida, incluindo agricultura, indústria e cuidados com a saúde. Entretanto, se o passado é nosso guia, alguns produtos aparentemente benignos podem ter efeitos secundários que ameaçam o meio ambiente e a saúde humana. Esse foi o caso dos bifelinos policlorados (BPC), fluidos utilizados em unidades elétricas e de transmissão. Quando foram inventados, no Século 20, poucas pessoas - se é que alguma - sabiam que com o tempo estariam ligados a doenças da pele, do fígado e ao câncer. Quem teria pensado que décadas depois apareceriam no leite materno dos inuits (habitantes do Pólo Norte), que viviam a centenas, se não a milhares, de quilômetros de distância de onde os fluidos foram elaborados.

Felizmente, os BPC, junto com outras 11 substâncias conhecidas como a Dúzia Suja, estão controlados através da Convenção de Estocolmo sobre os Contaminantes Orgânicos Persistentes (COP), que entrou mundialmente em vigor no dia 17 de Maio. Através deste novo tratado internacional, os governos do Planeta outorgam seu apoio político e financeiro para a redução e eliminação de nove inseticidas, dois produtos secundários de incineração e do BCP. Um dos inseticidas, o DDT, obteve isenção da proibição devido à sua importância na luta contra o mosquito transmissor da malária. Por outro lado, parte dos US$ 500 milhões, destinados à eliminação da Dúzia Suja, será usada na busca de alternativas mais seguras na luta contra essa enfermidade, incluindo melhores inseticidas bem com tratamentos e vacinas. As futuras gerações podem esperar um mundo onde esses químicos e inseticidas sejam, pelo menos, notas de rodapé em um livro de história.

E o que acontece com as outras mais de 69 mil substâncias existentes e as milhares que estão por surgir? Como garantir que estas sejam seguras e sustentáveis e produzidas e manejadas de maneira responsável? Estas são perguntas cruciais, já que muito da produção de químicos está se mudando cada vez mais para os países em desenvolvimento.

Agora temos a Convenção de Estocolmo e é provável que durante os próximos anos mais contaminantes orgânicos persistentes se unam à lista proibida. Também acaba de entrar em vigor a Convenção de Roterdã sobre Consentimento Informado Prévio, que controla uma lista de químicos e inseticidas perigosos e requer que os exportadores tenham a aprovação do país importador antes que o embarque seja autorizado. Um desenvolvimento mais significativo, porém, ainda está por vir. Trata-se do Enfoque Estratégico para a Gestão Internacional de Produtos Químicos (SAICM). Em 2006, quando o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) realizar a Sessão Especial de seu Conselho de Administração, as bases deste novo enfoque radical sobre os químicos deverão estar prontas. Os governos deverão ter, por essa época, o programa detalhado de ação para conseguir a meta de reduzir, até 2020, os efeitos adversos dos químicos na saúde humana e no meio ambiente, acordada em 2002, durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johanesburgo. Algumas metas do SAICM são o estabelecimento de um método de etiquetagem clara e universalmente aceito, homologação de avaliações de risco de químicos, sobretudo em relação ao câncer e à saúde reprodutiva, intercâmbio de informação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e planos nacionais para o depósito seguro para químicos obsoletos.

Também se prevê programas de prevenção e manejo de acidentes industriais, a criação de uma rede internacional de centros de tratamento de envenenamento e medidas globais enérgicas contra o contrabando e o intercâmbio de químicos e inseticidas ilegais ou controlados. Este novo enfoque “guarda-chuva” requererá vontade política e uma substanciosa quantidade de dinheiro, ainda não calculada. O que é claro é que os benefícios deste novo enfoque terão potencialmente maiores impactos. A luta global pelo controle de químicos está vinculada ao desenvolvimento sustentável e à redução da pobreza. Maximizar os benefícios e reduzir os impactos ambientais e de saúde dos químicos não só nos ajudará a cumprir as metas na provisão de água potável segura para milhões de pessoas, como também para deter a perda alarmante de vida selvagem na terra, nos rios, mares e oceanos do mundo.

Por Klaus Toepfer Diretor-Executivo do PNUMA

sábado, 7 de julho de 2012

Óleos Lubrificantes

A poluição gerada pelo descarte de 1 t/dia de óleo usado para o solo ou cursos d'água equivale ao esgoto doméstico de 40 mil habitantes.

A questão da reciclagem de óleos lubrificantes usados ganha cada vez mais espaço no contexto da conservação ambiental. Nos países desenvolvidos, a coleta de óleos usados é geralmente tratada como uma necessidade de proteção ambiental. Na França e na Itália, um imposto sobre os óleos lubrificantes custeia a coleta dos mesmos. Em outros países, esse suporte vem de impostos para tratamento de resíduos em geral. Nos Estados Unidos e Canadá, ao contrário do que ocorre no Brasil, normalmente é o gerador do óleo usado quem paga ao coletor pela retirada do mesmo.

Entre 1991 - 1993, a ONU financiou estudos sobre a disposição de óleos usados. A principal conclusão desses estudos foi que a solução para uma disposição segura de óleos lubrificantes usados é o re-refino (reciclagem).

Os óleos lubrificantes estão entre os poucos derivados de petróleo que não são totalmente consumidos durante o seu uso. Fabricantes de aditivos e formuladores de óleos lubrificantes vêm trabalhando no desenvolvimento de produtos com maior vida útil, o que tende a reduzir a geração de óleos usados. No entanto, com o aumento da aditivação e da vida útil do óleo, crescem as dificuldades no processo de regeneração após o uso.

Quando os óleos lubrificantes industriais usados estão contaminados, fora da faixa de viscosidade ou com outros pequenos problemas, o certo é enviá-los para um serviço de reaproveitamento do óleo básico e de todos os seus subprodutos.

Os óleos usados de base mineral não são biodegradáveis e podem ocasionar sérios problemas ambientais quando não adequadamente dispostos. O uso de produtos lubrificantes de origem vegetal biodegradáveis ainda se encontra em estágio pouco avançado de desenvolvimento para a maior parte das aplicações.

A poluição gerada pelo descarte de 1 t/dia de óleo usado para o solo ou cursos d'água equivale ao esgoto doméstico de 40 mil habitantes. A queima indiscriminada do óleo lubrificante usado, sem tratamento prévio de desmetalização, gera emissões significativas de óxidos metálicos, além de outros gases tóxicos, como a dioxina e óxidos de enxofre.

Fonte:
 Revista Meio Ambiente Industrial, Ano VI, ed. 31, no 30 Maio/Junho da 2001. www.meioambienteindustrial.com.br

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Amianto: proibição, uso controlado ou imobilização?


O amianto ou asbesto é uma fibra mineral natural que pertence ao grupo dos silicatos cristalinos hidratados. 

O amianto ou asbesto é uma fibra mineral natural que pertence ao grupo dos silicatos cristalinos hidratados. Asbestos têm origem grega e significa "incombustível". A palavra amianto é de origem latina (amianthus) e quer dizer "incorruptível". As duas palavras são sinônimas, porém o termo amianto é mais empregado nos países de línguas neolatinas, entre eles o Brasil.

Os cientistas acreditam que o amianto foi formado na Pré-História, numa fase secundária da formação da crosta terrestre. Nesse período, rochas de silício (como a peridotita, composta por magnésio, sílica e ferro) foram alteradas fisicamente e pela pressão, pelo calor e pela água que lentamente infiltrava na superfície. Associada ao magnésio e à sílica, a água transformou a rocha hospedeira no que se chama de serpentina mineral. Este cristalizou-se nas fendas da rocha-mãe, formando veios de fibras paralelas, com 1 a 40 mm de comprimento. As variedades de amianto desses dois grupos apresentam composições químicas, características físicas e propriedades semelhantes, embora também distintas tanto nas aplicações como nos riscos à saúde.

As serpentinas, como se observa no esquema, têm como principal variedade a crisotila (que, em grego, significa "fibra de ouro"). Também conhecida como amianto branco, essa variedade corresponde à cerca de 98,5% de todo amianto consumido no mundo. Suas fibras são curvas e sedosas. Os anfibólios são fibras duras, retas e pontiagudas. Agrupa-se em cinco variedades principais: amosita (amianto marrom), crocidolita (amianto azul), antofilita, tremolita e actinolita. Do ponto de vista econômico, os dois primeiros são os mais importantes. Muito utilizados até os anos 70, atualmente estão em desuso, por causa de seus efeitos sobre a saúde. Hoje, o amianto marrom e o amianto azul representam menos de 2% do consumo mundial, têm sua produção localizada na África do Sul e seu uso está praticamente em extinção.



Além de ser um material relativamente barato e de fácil extração, a estrutura fibrosa do amianto confere a ele propriedades físicas e químicas especiais, que o torna virtualmente indestrutível. Caracteriza-se por possuir propriedades que se destacam quando comparadas com outros materiais: alta resistência mecânica (comparada ao aço); elevada superfície específica, a qual indica o grau da abertura do material; incombustibilidade; baixa condutividade térmica; resistência a produtos químicos, particularmente estável em diferentes valores de pH; capacidade de filtrar microorganismos e outras substâncias nocivas; boa capacidade de filtragem; boa capacidade de isolação elétrica e acústica; elevada resistência dielétrica; durabilidade, resistindo ao desgaste e ABrasão; flexibilidade; afinidade com cimentos, resinas e isolantes plásticos; parede externa de caráter básico e compatível com a água e facilidade para ser tecido ou fiado.

Por conta destas propriedades as fibras de amianto crisotila são empregadas no Brasil e no mundo, em milhares de produtos industriais, sendo, cerca de 85% do seu uso na indústria de cimento-amianto ou fibrocimento (folhas e caixas d'água), 10% em materiais de fricção (autopeças) e 5% em outras atividades, sendo têxteis 3%, químicas/plásticas 2%.

O amianto foi, também, amplamente utilizado nas décadas de 40 e 50, na América do Norte, na Europa, na Austrália e no Japão, como isolante térmico e elemento de proteção contra o fogo. Essa aplicação era feita por jateamento (spray) de fibras e pó de amianto principalmente em construções metálicas, em caldeiras, geradores, vagões e cabinas de navios e trens, visando proteger passageiros e instalações dos efeitos de um eventual incêndio. Nessa aplicação, os trabalhadores eram expostos a quantidades excessiva de fibras em suspensão no ar. Por esse motivo, no início dos anos 70 o jateamento foi sendo progressivamente proibido em muitos países e praticamente já não existe no mundo inteiro.

O uso comercial desenfreado do produto no último século, levou a sua distribuição descontrolada pelo do mundo industrializado e a sua dispersão no ambiente. Com isso, alguns países da Europa proibiram sua utilização, bem como os produtos que o contenham, devido às doenças ocupacionais relacionadas à inalação de fibras de amianto. Asbestose, câncer de pulmão, mesotelioma e afecções benignas da pleura são as doenças, no aparelho respiratório, associadas à exposição às fibras de amianto.

Asbestose é uma doença pulmonar relacionada à prolongada inalação de poeira contendo alta concentração de fibras de amianto. É similar a silicose, causada pela exposição à sílica. As fibras alojam-se nos alvéolos pulmonares, e, para se defender, o organismo deposita sobre elas uma proteína semelhante a um "cimento" que cicatriza o alvéolo, impedindo que se encha de ar. Este processo, repetindo-se ao longo dos anos, pode tornar o pulmão fibrosado e sem elasticidade, com dificuldades respiratórias. O período médio de seu aparecimento é de 15 anos.

Câncer de pulmão é semelhante ao câncer causado pelo fumo, de longe o principal motivo da doença. Do início da exposição às fibras de amianto até o aparecimento do câncer, passam-se em média 20 anos. Estudos indicam que o risco deste câncer é maior nos fumantes, ou seja, o fumo e as fibras o potencializam. Mesotelioma é uma forma muito rara de tumor maligno que se desenvolve no mesotélio, a membrana que envolve o pulmão (pleura), o abdômen e seus órgãos (peritônio). O período médio de aparecimento da doença, desde o início da exposição, é de 30 a 40 anos.

Afecções benignas da pleura: além das doenças descritas a exposição às fibras de amianto pode causar algumas alterações de pleura, como áreas de espessamento, derrames ou placas pleurais. São consideradas benignas porque raramente provocam alguma deficiência pulmonar, sendo interpretada apenas como um sinal de exposição ao amianto. Não há relação com disfunções ou doenças pulmonares, como asbestose e o câncer.

Estudos médicos mostram que as fibras de amianto não provocam alteração em órgãos como os rins, os aparelhos digestivos e a pele. Só o pulmão pode ser afetado devido à inalação das fibras de amianto, mesmo assim, sob determinadas condições. São sugeridos três fatores que determinam a periculosidade das fibras: dimensões, durabilidade e dosagem. A dimensão é um fator importante pois determina se a fibra será transportada pelo ar e, portanto, respirável; fibras maiores do que 3 mm de diâmetro e 50-100 mm de comprimento não são capazes de penetrar nos pulmões. Das fibras que se alojam nos pulmões, as mais curtas do que 3 mm podem ser removidas por meio de mecanismos de defesa do organismo, de modo que as concentrações não se tornem muito altas ou a dosagem muito prolongada; as fibras mais perigosas, mesmo que em pequenas dosagens são as quimicamente duráveis, de 5-10 mm de comprimento e 0-1 mm de diâmetro.

Feixes de fibras que são capazes de se separar em diâmetros de 0-1 mm sem diminuição no comprimento, são particularmente perigosas, pertencendo a crisotila à categoria dos mais nocivos pois cada fibra desta variedade se separa num diâmetro médio de 0,25 mm. Além disso, há demonstrações de que um dos fatores responsáveis pela atividade biológica das fibras de asbesto crisotila está relacionado com a sua estrutura química, particularmente em relação à reatividade superficial do mineral.

O amianto no Brasil Até o final dos anos 30, o Brasil importava todo o amianto que consumia. No início da década de 40, começaram a ser pesquisadas no país pequenas jazidas, como a de Pontalina, no sul de Goiás. Porém essa produção ainda era insuficiente para as necessidades do mercado. Esse quadro começou a mudar em 1939, com a fundação da S.A. Mineração de Amianto - SAMA, que no ano seguinte implantou no município de Poções, na Bahia, a mina de São Félix. Essa unidade chegou a ter trezentos funcionários, mas foi desativada em 1967 por esgotamento de suas reservas. Nesse período, houve exploração de outras minas - entre as quais a de São João do Piauí e a da região de Batalha, em Alagoas.

A jazida que deu ao Brasil a auto-suficiência no setor de cobertura foi a mina de Cana Brava, em 1962. Ela está localizada em Minaçu (GO), cuja reserva estimada é suficiente para o suprimento do mercado interno por cerca de cinqüenta anos. Segundo a SAMA, a mina de Cana Brava produz fibras de amianto com alta pureza (sem contaminação) e com dimensões que a qualificam especialmente para a indústria do cimento-amianto, características dificilmente são encontradas em outras regiões produtoras. Assim, a mina de Cana Brava é a única em operação no país, sendo explorada a céu aberto. Sua produção inicial, em 1967, era de 400 toneladas anuais. Em 1971, atingiu 17 mil toneladas, subindo para 140 mil em 1979, até alcançar sua média atual de 200 mil toneladas por ano. Desde 1980, a mina atende à totalidade do consumo nacional, evitando os gastos de importação, que superam os US$ 100 milhões anuais, e ainda exporta de 30 a 40% de sua produção para dezenas de países, encabeçados por Japão, Tailândia, Índia e para o Mercosul, trazendo ao país divisas superiores a US$ 30 milhões anuais.

Além disso, trouxe grande desenvolvimento econômico e social à região, desde o início das atividades de extração e mineração das fibras de amianto crisotila. Ao redor da mina de Cana Brava, tornou-se um próspero município, Minaçu, com cerca de 60 mil habitantes, beneficiados de várias formas por sua atividade.

 O governador de Goiás, Marconi Perillo, preocupado com o impacto sócio-econômico da região com o banimento do amianto crisotila, em artigo de esclarecimento, publicado no jornal Folha de São Paulo (19/03/2001), saiu em favor à exploração do amianto por se preocupar com as milhares de famílias que, de alguma forma, tiram seu sustento do minério. Segundo ele, a proibição da crisotila advém de interesses econômicos internacionais, pela disputa de mercado, em substituir o mineral por fibras alternativas. Ainda nesse artigo, Perillo diz que a espécie de amianto explorada no Brasil não traz conseqüências maléficas à saúde humana, como a espécie explorada na Europa (anfibólio), visto que instituições sérias de pesquisa comprovaram o fato, e que a história da nocividade se baseia em estudos realizados no exterior, fornecidos pelo lobby que luta pelo banimento.

Está claro que há um jogo de interesse envolvido. De um lado está o perigo causado pela inalação das fibras de amianto, que pode condenar os trabalhadores à morte, de outro está a preocupação do governo de Goiás com a situação de desemprego, em Minaçu, que o banimanto acarretaria, e ainda há a questão do interesse econômico em substituir as fibras por outras alternativas, na briga pelo mercado.

O amianto é um material quase único no seu conjunto de propriedades. Em geral, para substituí-lo são necessárias várias outras substâncias, o que, ainda assim, raramente tem significado vantagem na comparação com o amianto. Alguns dos produtos alternativos já desenvolvidos foram inviabilizados por apresentarem custo muito superior, além de exigir investimentos em equipamentos e tecnologia. Há também a dificuldade técnica do desempenho do substituto, especialmente em aplicações como freios de veículos pesados (caminhões e trens) e sistemas de vedação e isolamento na indústria aeroespacial. Até hoje, nesses usos, nenhum outro produto ofereceu a eficiência e a segurança do amianto. E há ainda a questão do risco à saúde: as novas fibras devem ser mais seguras. No entanto, as pesquisas médicas indicam que os efeitos do amianto sobre a saúde são comuns à maioria das fibras, ou seja, em dimensões e doses suficientes, as fibras alternativas com durabilidade e persistência no tecido pulmonar podem ter efeitos nocivos semelhantes, por vários anos. É preciso ponderar: enquanto o amianto tem sido estudado exaustivamente há mais de cinqüenta anos, conhecendo-se bem os limites de seus efeitos sobre os trabalhadores expostos em várias condições, as demais fibras são de uso mais recente (10 a 20 anos), e será necessário um período mais longo para que sua ação, a longo prazo, seja conhecida.

Considerando esses aspectos, a Organização Mundial de Saúde publicou o Critério de Saúde ambiental 151, no qual recomenda: "Todas as fibras respiráveis biopersistentes devem ser testadas quanto à toxicidade e à carcinogênese. Exposições a essas fibras devem ser controladas da mesma maneira que para o amianto". Ou seja, todas as fibras respiráveis devem estar dentro do limite de tolerância, em que não há risco à saúde do trabalhador. Em virtude disto, houve uma preocupação muito grande para retirar a propriedade fibrosa da superfície do amianto. Três métodos de impermeabilização de amianto foram desenvolvidos: i) vitrificação in situ por efeito Joule; ii) fusão das fibras de amianto utilizando-se plasma (processo INERTAM); iii) destruição das fibras em matriz vítrea de fosfato.

O método de vitrificação in situ baseia-se no princípio de que os vidros fundidos conduzem eletricidade. Como o solo é bastante rico em silício (solo arenoso e/ou argiloso) o seu aquecimento em temperaturas elevadas (1400 - 1800°C) resulta na formação de uma massa fundida [passagem do estado sólido para o estado líquido, por exemplo como na transformação do gelo (água no estado sólido) para água no estado líquido]. Nesta condição este material líquido conduz corrente elétrica. O aquecimento do amianto, em alta temperatura, resulta na formação de um vidro. Esta técnica depende das propriedades do solo, da morfologia e da condutividade. Depende do tamanho de grão, do contato entre eles, da presença de íons de metais alcalinos e alcalinos terrosos, depende da quantidade de oxigênio nestes íons, da mobilidade dos íons, da viscosidade do material fundido e presença de água.

O processo INERTAM consiste no tratamento do amianto a ser vitrificado sobre o efeito de plasma quente até o ponto que permite a obtenção de uma massa vítrea inerte, não se comportando como fibras de amianto. Este método é muito caro e implica no transporte do amianto, em sacas, até o local para tratamento. O método que envolve a destruição de amianto em matrizes fosfatos baseia-se no tratamento das fibras de amianto pelo uso de uma substância coloidal, chamada coacervato. Esta substância, parecida com um gel, é formada a partir de um polímero inorgânico de fosfato, um sal de cálcio e água, os quais não apresentam quaisquer riscos à saúde e que se encontram em pequenas quantidades na própria água que bebemos e no creme dental que utilizamos. Este método foi desenvolvido pelo prof. Vast da Universidade de Lille, França. A vantagem deste método na destruição das fibras de amianto se deve ao fato de que o coacervato é capaz de molhar e de envolver as fibras, tornando-as facilmente manipuláveis. Ainda, o coacervato atua como agente fundente, ou seja, reduz a temperatura de fusão destas fibras minerais, permitindo assim a sua destruição em temperaturas inferiores a 1000°C.

Os pesquisadores Marco Antonio Utrera Martines e Véronique Andriès (Pós-Doutorandos), Daniela Grando (Mestrando) e os professores doutores Younes Messaddeq e Sidney José Lima Ribeiro, do grupo de Materiais Fotônicos do Instituto de Química da Unesp - Araraquara, pesquisam a imobilização de fibras de amianto crisotila, a partir de solução de polifosfato de sódio e de coacervatos de cálcio, de magnésio e de zinco. Outro trabalho desenvolvido pelo grupo é a destruição das fibras de amianto em pisos cerâmicos utilizando-se coacervatos de cálcio. Os resultados obtidos a partir desta proposição sugerem que se possam obter diversos materiais potencialmente interessantes, através de tratamentos térmicos adequados. Pode-se obter, por exemplo, materiais cerâmicos com elevada estabilidade mecânica e térmica a semelhança dos chamados cimento-amianto, assim como materiais compósitos coacervato-amianto com propriedades térmicas interessantes. Outro aspecto importante deste projeto de pesquisa é a destruição das fibras de amianto pela formação de vidros quando aquecido a temperatura acima de 800°C.

Este projeto de pesquisa, no valor de R$ 40.000,00, é financiado pela Fapesp. Os pesquisadores Marco Utrera Martines e Daniela Grando também são bolsistas da Fapesp.

FONTE:
Por Marco Antonio Utrera Martines, Daniela Grando Sidney, José Lima Ribeiro e Younes Messadeq* (*) Marco Antonio Utrera Martines é pós-doutorando no IQ/Unesp. Daniela Grando é mestranda no IQ-Unesp. Younes Messadeq e Sidney José Lima Ribeiro são professo

terça-feira, 3 de julho de 2012

A Importância da DBO



A decomposição biológica tem um papel vital na natureza: degradar a matéria orgânica restituindo seus elementos ao meio. 

A DBO representa o potencial ou a capacidade de uma massa orgânica “roubar” o oxigênio dissolvido nas águas. Mas este “roubo” não é praticado diretamente pelo composto orgânico, mas sim é resultado da atividade de microorganismos que se alimentam da matéria orgânica.
Assim, constituem condições básicas para a DBO:

a) A existência de microorganismos: se for colocada certa quantidade de calda de esgotos em um frasco com um tanto de água e em seguida esterilizar a solução, não haverá consumo de oxigênio no frasco. Isto é, a quantidade de oxigênio dissolvido, inicialmente existente permanecerá a mesma nos dias seguintes.
 
b) A existência de condições aeróbias: não havendo oxigênio dissolvido não pode haver seu consumo. Além disso, os microrganismos presentes devem ser aeróbicos (não é possível a respiração anaeróbia em presença de oxigênio). Mas há condições que merecem ser compreendidas: se o esgoto lançado em um rio tiver uma parte solúvel e outra sólida, insolúvel ( e geralmente o tem), esta última irá precipitar-se no fundo do rio ou do frasco, formando lodo orgânico (ou de esgoto). Assim, embora haja oxigênio na água superficial, o oxigênio não penetrará no interior do lodo, a não ser que se induza uma mistura constante. Assim mesmo, será difícil a penetração do oxigênio no interior das partículas sólidas. O lodo, então, será decomposto anaerobicamente, enquanto que a parte dissolvida, superior, terá decomposição aeróbia. Por conseguinte, só a parte superior gerará demanda bioquímica de oxigênio e não o lodo depositado. Por isso, em todo corpo d’água com pequena velocidade de escoamento, por melhor oxigenado que seja, há sempre um ambiente anaeróbio no seu leito. Então, para que não ocorra atividade anaeróbia, com suas conseqüências nocivas e desprendimento de maus odores, deve-se adicionar oxigênio suficiente ao meio para fomentar a atividade aeróbia.

c) A existência de compostos assimiláveis: se os elementos orgânicos do esgoto não forem biodegradáveis, não haverá decomposição biológica aeróbia ou anaeróbia. Por conseguinte, não haverá condições para o desenvolvimento de DBO, uma vez que não existirão microorganismos consumindo oxigênio.

A decomposição biológica tem um papel vital na natureza: degradar a matéria orgânica restituindo seus elementos ao meio. A decomposição aeróbia é mais vantajosa que a anaeróbica: é mais rápida e não forma subprodutos orgânicos, ainda que feita à custa do oxigênio do meio, originando a DBO.
A DBO, assim, é um fator positivo dos ciclos vitais, ainda que seja necessário haver um equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio no meio. Para que essa relação não seja prejudicada, não pode haver consumo excessivo, ou seja, excesso de alimento em relação ao volume de água, uma vez que as reservas disponíveis de oxigênio na água são limitadas. A manutenção desse equilíbrio repousa, pois, em dois princípios ou providências:

1. A quantidade de alimento (esgoto e outros despejos orgânicos assimiláveis) lançada ao corpo d’água deve ser proporcional à vazão ou ao volume de água, isto é, à disponibilidade de oxigênio dissolvido. Assim sendo, a quantidade de esgotos que produz uma grave poluição se lançada num pequeno rio, extinguindo seu oxigênio, poderá não causar nenhum dano num grande rio. O conceito de poluição é, pois, relativo (ao volume de oxigênio do corpo receptor) e nunca absoluto.
2. Caso a proporcionalidade acima referida não seja possível, é necessário prover o meio aquático de fontes adicionais de oxigênio. Isto se faz:
  • intensificando sua aeração: a turbulência de um rio que possui cachoeiras ou quedas d’água renova muito mais rapidamente o seu oxigênio, a partir do ar atmosférico. Isto pode ser provocado artificialmente, seja no rio ou no próprio esgoto, antes de ser lançado, mediante borbulhamento de ar comprimido ou forte agitação feita por rotores ou escovas rotativas;
  • desenvolvendo condições favoráveis à proliferação e atividade de microorganismos fotossintetizantes tais como as algas microscópicas. Os vegetais clorofilados são fontes primárias de oxigênio na natureza.

Bibliografia: MULLER. A. C., Introdução à Ciência Ambiental; Curitiba – PUC-PR; uso didático. Págs. 67 a 73.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A biota das águas interiores

 

A biota das águas interiores está submetida a uma série de variados impactos decorrentes das atividades humanas nas diferentes bacias hidrográficas. 

 

  A integridade e o funcionamento dos ecossistemas aquáticos depende da interação destes com o sistema terrestre, incluindo-se aí a origem. A diversidade da fauna e flora das águas continentais está relacionada com os mecanismos de funcionamento de rios, lagos, áreas alagadas, represas, tais como o ciclo hidrológico, e a variedade de habitats e nichos. A dinâmica dos ecossistemas de águas continentais e da sua flora e fauna depende, portanto, de uma série de fatores interdependentes. A biota de águas interiores é muito mais diversa e rica do que a dos oceanos. As águas doces ocupam 0,0093% do volume total de água do planeta e, no entanto, 12% das espécies animais vivem nas águas interiores (contra 7% que vivem nos oceanos). Cerca de 40% do total de 20.000 espécies de peixes vivem nas águas doces.
A flora e fauna dos ecossistemas aquáticos do Brasil, apresenta inúmeras características relacionadas com o regime hidrológico dos grandes rios e áreas alagadas e de várzeas. O regime hidrométrico tem condições altamente flutuantes produzindo-se pulsos de freqüência e magnitude variadas. Estes pulsos apresentam períodos de inundação e seca produzindo grandes alterações na estrutura e funcionamento das comunidades aquáticas.

Adaptação a pulsos significa apresentar mecanismos de resistência ao dessecamento ou à inundação. No caso de períodos longos de inundação como ocore nas florestas inundadas no Amazonas, há mecanismos bioquímicos especiais da vegetação para tolerância à inundação. Por outro lado o dessecamento impõe também condições drásticas que produzem respostas da comunidade para resistir à períodos de intensa seca; existem três mecanismos de sobrevivência: deixar o sistema quando as condições são adversas; produzir formas latentes que resistem duráveis que suportam o dessecamento e altas temperaturas no sedimento.

Plantas e animais desenvolvem estratégias para os períodos desfavoráreis durante a seca ou inundação. Estas estratégias incluem a migração de peixes entre o rio e os lagos de várzea, migração de invertebrados terrestres para a abóbada durante o período de inundação ou a produção de ovos de resistência, ou estágios de resistência em esponjas e moluscos.

Uma parte importante da biota aquática, principalmente aquela constituída pelas macrófitas aquáticas, decompõem-se durante períodos de seca, originando uma massa de detritos elevadas que sustenta uma flora microbiana extremamente diversificada e ativa. Algas perifíticas também estão associadas a esta vegetação aquática; estas algas tem papel importante na interação entre os vários componentes do sistema uma vez que ciclos biogeoquímicos fechados ocorrem a partir da interação destas micrófitas com as macrófitas e animais herbívoros ou comedores de detritos.

Grande parte da fauna e flora de rios do semi-árido tem mecanismos de adaptação ao dessecamento devido a enorme diversidade de tipos de rios temporários que ocorre na região. Uma parte da flora e fauna do semi-árido, também está adaptada às flutuações de condutividade/salinidade que ocorrem. Em muitos rios, represas artificiais ou lagos do semi-árido a concentração salina/condutividade aumenta com a evaporação, estimulando mecanismos especiais de controle osmótico devido à maior salinidade.

A fauna de peixes

Um componente importante e fundamental da biota aquática do Brasil são os peixes. As flutuações do nível nos vários grandes rios (Amazonas e tributários, e Paraná e tributários) são uma fonte de variabilidade e fluxo gênico, entre as comunidades dos rios e dos lagos adjacentes. Migrações e isolamento durante períodos de inundação e seca, produzem mecanismos dinâmicos de alteração da estrutura e função nas comunidades com reflexo nos processos evolutivos. As muitas espécies de peixes de grandes rios, estão adaptadas a processos de variação hidrométrica e correntes em grandes rios. A fauna de peixes da biota dos ecossistemas aquáticos do Brasil é fundamentalmente uma fauna de grandes rios com poucas espécies verdadeiramente lacustres ocorrendo. Poucos mecanismos de isolamento gênico ocorrem. Os lagos do vale do Rio Doce são exemplos típicos de ecossistemas aquáticos fragmentados onde isolamento genético pode ter ocorido até certo ponto.

Por outro lado a fauna de peixes de represas é totalmente diversa, devido não só às alterações ambientais causadas pela construção da barragem, mas, principalmente pela introdução de espécies exóticas, o que complica relações alimentares e redes tróficas, relações predador-presa e interfere direta e indiretamente nos processos biológicos que ocorrem nos lagos artificiais.

Como registro importante da fauna de peixes de rios do Brasil deve-se considerar a interação de um grande número de espécies de peixes - mais de 250, com a floresta inundada. O grande número de peixes que evoluiu com a floresta tropical úmida constitui uma enorme e importante fauna com alimento diversificado proveniente de sementes e frutos que são uma importante e fundamental interação evolutiva, e um componente estratégico na rede alimentar e no uso da energia produzida pela floresta tropical úmida inundada.

Flora e fauna de reservatórios

A construção de represas produziu grandes alterações na biota de águas interiores do Brasil. As grandes alterações ocorrem principalmente com a fauna de peixes, uma vez que as espécies sul-americanas estão adaptadas a rios com correntes rápidas, migrando para a reprodução. A zona pelágica dos reservatórios é muito pouco utilizada pelos peixes. Além da alteração produzida pela construção de barragens, muitas represas foram repovoadas com espécies exóticas, tornando a rede alimentar a composição das comunidades e a exploração comercial extremamente complexas. Tentativas para o repovoamento das represas com espécies nativas estão em progresso. Áreas alagadas associadas a represas são a fonte da diversidade e aumento da biomassa de espécies de peixes, crustáceos, macrófitas, aves e mamíferos.

Impactos na biodiversidade

A biota das águas interiores está submetida a uma série de variados impactos decorrentes das atividades humanas nas diferentes bacias hidrográficas e estes são:
  • Poluição, contaminação e introdução de substâncias tóxicas;
  • Introdução de espécies exóticas predadoras;
  • Remoção da vegetação ciliar em rios, represas e lagos;
  • Construção de represas;
  • Atividades excessivas de pesca;
  • Aumento do material em suspensão na água devido a atividades agrícolas;
  • Uso excessivo de equipamentos de recreação;
  • Deterioração da margem de rios, represas e lagos;
  • Remoção e destruição de áreas alagadas;
  • Eutrofização excessiva;
  • Alteração na flutuação do nível da água e interferência no sistema hidrológico;
  • Remoção de espécies de grande importância na rede alimentar;
  • Aumento de navegação e transporte;
  • Desmatamento em geral e perda da vegetação inundável;
  • Intensificação das atividades de mineração;
  • Alterações nas condições químicas e físicas das águas (qualidade da água) - temperatura, oxigênio dissolvido, pH (por acidificação), nutrientes (por eutrofização).
Fonte: Águas Doces no Brasil - Capital Ecológico, Uso e Conservação. 2.° Edição Revisada e Ampliada. Escrituras. São Paulo - 2002. Organização e Coordenação Científica: Aldo da C. Rebouças; Benedito Braga. Capítulo 05 - Ecossistemas de Águas Interiores. J