Nesta quinta-feira (3) se comemorou o Dia Internacional pelo Não Uso de Agrotóxicos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país que mais usa o produto, que causa prejuízos à saúde dos agricultores, dos consumidores e ao meio ambiente. Uma opção para ter certeza de que está consumindo um produto livre de fungicidas e inseticidas é optar pelos alimentos orgânicos.
Preocupado com o uso de agrotóxico nos produtos consumidos pelo povo e também com a saúde dos trabalhadores que manuseiam essas substâncias químicas, o Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT-PE) criou um fórum para debater o tema, coordenado pelo promotor Pedro Serafim. Desde 2000, ocorrem reuniões mensais para discutir medidas.
“Temos problemas como, por exemplo, a falta um receituário agronômico na venda para o pequeno produtor, a não-utilização correta de um equipamento de proteção, como luvas e máscaras, que são indispensáveis, além da questão do descarte da embalagem. O trabalhador muitas vezes usa a embalagem do agrotóxico para guardar comida ou beber água”, explica.
O promotor diz que a articulação do fórum envolve a Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). “O fórum existe para mobilizar os órgãos de controle”, explica Pedro Serafim. “Temos um sistema de monitoramento e uma unidade no Ceasa, a primeira no Brasil, além de um termo de ajuste de conduta com os supermercados, todo um sistema de rastreamento e controle dos agrotóxicos nos supermercados”.
As denúncias podem ser feitas a qualquer uma das entidades que compõem o Fórum Estadual de Combate ao Agrotóxico. “O consumidor tem o direito de ter informações sobre a origem, as características, o conteúdo e a qualidade desses produtos nos supermercados e feiras. Se não tiver, pode denunciar”, diz o promotor Pedro Serafim. O telefone do MPT é o (81) 2101-3218. O órgão se encarrega de encaminhar as denúncias à Delegacia do Consumidor.
Contaminação
De acordo com a OMS, aproximadamente, três milhões de pessoas são intoxicadas, todos os anos, porque usam agrotóxicos. Muitos casos de pessoas contaminadas por agrotóxicos em Pernambuco chegam ao Centro de Assistência Toxicológica do Hospital da Restauração (Ceatox-HR). Recentemente, o centro fez um levantamento que mostrou que, surpreendentemente, a maior parte dos casos é na área urbana.
“91,5% dos pacientes que chegam com intoxicação vêm da região urbana, e não da rural, e a principal causa é o chumbinho, que vem sendo usado de forma inadequada como raticida”, afirma o diretor do HR, Helder Corrêa. “Na verdade, o chumbinho não é raticida, mas agrotóxico”.
Segundo os dados da pesquisa, cerca de 70% dos casos de intoxicação por chumbinho ocorrem em pessoas que usam o produto para tentar o suicídio. “Normalmente são adultos jovens, entre 20 e 40 anos de idade”, afirma Helder Corrêa. “Já 25% dos pacientes ingerem por acidente. Há um desvio no uso desse produto, que deveria ser usado no campo. É um grave erro, em provocado um índice de mortes elevado”.
O uso de agrotóxicos pode causar conjuntivite, coceiras, feridas na pele e hepáticas, entre outros problemas, e é cumulativo ao longo da vida. Para prevenir que o problema se agrave ainda mais, a Agência Pernambucana de Vigilância Ambiental (Apevisa) monitora a venda do chumbinho no Estado.
“O controle do chumbinho está em plena atividade, começamos ano passado. Felizmente estamos tendo sucesso, houve uma redução significativa dos casos de intoxicação por chumbinho em 2008 e 2009, a partir do dado significativo de 41 óbitos em 2007”, afirma o gerente geral da Apevisa, Jaime Brito.
“Fizemos uma campanha com o tema ‘chumbinho é mais perigoso para a família do que para os ratos’, você leva uma bomba para dentro de casa, um agrotóxico usado pelos agricultores”.
pe360graus.com/EcoAgência
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