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domingo, 1 de julho de 2012

Aumenta a disseminação de Capim-Amargoso resistente ao glifosato na sojicultora

Segundo o pesquisador, a integração do controle mecânico com o químico pode trazer resultados em plantas desenvolvidas, mas em grandes áreas essa alternativa tem baixo rendimento, é onerosa, e de pouca viabilidade prática.



Por Embrapa Soja
Na última safra, observou-se um aumento na disseminação de plantas de capim-amargoso resistentes ao glifosato nas lavouras de soja, ocasionando perdas de rendimento significativas. “A seleção de biótipos resistentes a esse produto, como aconteceu com a buva na sojicultura, é um sinal de alerta para toda a cadeia produtiva. Hoje há ocorrência de capim-amargoso resistente principalmente no sul do Mato Grosso do Sul, do norte ao oeste do Paraná e em São Paulo, estado onde a planta é comum em áreas de citrus e outras frutíferas”, ressalta Dionísio Gazziero, pesquisador da Embrapa Soja.
O capim-amargoso (Digitaria insularis) pertence à família poacea ou gramínea, envolve aproximadamente trezentas espécies no mundo e inclui outras plantas bem conhecidas como o capim-colchão. Segundo Gazziero, trata-se de uma planta perene, rizomatosa com alta capacidade de rebrota, forma touceiras, e nas condições brasileiras, pode germinar o ano todo. Suas sementes são pequenas e se dispersam facilmente pelo vento. “A planta é muito comum em pastagens e acabou se espalhando pelas áreas de produção de grãos, com a ampliação da adoção da semeadura direta, passando de uma espécie considerada marginal, para uma das principais plantas daninhas no Brasil”, disse o pesquisador.
 
De acordo com Gazziero, mesmo as plantas adultas de capim-amargoso não resistentes que se desenvolvem na entressafra são difíceis de serem controladas. “O maior risco está em se tentar o controle de plantas já desenvolvidas, pois requerem altas doses e aplicações seqüenciais com intervalos de 25 a 30 dias. Não são raros os casos de rebrota, o que reforça a importância da eliminação das plantas novas”, conta. Ainda segundo o pesquisador, a integração do controle mecânico com o químico pode trazer resultados em plantas desenvolvidas, mas em grandes áreas essa alternativa tem baixo rendimento, é onerosa, e de pouca viabilidade prática. “Quando cortadas após a passagem da máquina, as touceras devem ser tratadas com herbicidas após cerca de 20 dias”, afirma.

 
No caso de biótipos resistentes, é preciso trocar de produto para complementar o controle dessa espécie. De qualquer forma todas as aplicações devem ser feitas em plantas pequenas.
O manejo de plantas daninhas tem o objetivo de controlar as invasoras com sustentabilidade e vantagens econômicas. “Por ser rápido e prático, o controle químico é o mais utilizado. Mas herbicidas devem ser vistos como alternativas e parte integrante de um programa de manejo. Nos anos 1980, plantas resistentes como o leiteiro, capim-marmelada e picão-preto, foram selecionadas devido ao uso intenso de herbicidas do mesmo grupo de ação, provocando, de forma rápida, a disseminação destas espécies. Com um manejo inadequado, o banco de sementes das plantas daninhas foi aumentando, agravando o problema”, revela Gazziero.

 
O pesquisador alerta para a necessidade de não deixar que este tipo de problema se repita. “Embora a resistência ao glifosato já ocorra de forma preocupante no Brasil, ainda é tempo de se evitar danos maiores. A velha e boa enxada continua a ser uma alternativa principalmente para eliminar plantas adultas, fonte da produção de sementes resistentes”, complementa Gazziero.

Fonte:
Embrapa Soja/EcoAgência

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