A decomposição biológica tem um papel vital na natureza: degradar a matéria orgânica restituindo seus elementos ao meio.
A DBO
representa o potencial ou a capacidade de uma massa orgânica “roubar” o
oxigênio dissolvido nas águas. Mas este “roubo” não é praticado
diretamente pelo composto orgânico, mas sim é resultado da atividade de
microorganismos que se alimentam da matéria orgânica.
Assim, constituem condições básicas para a DBO:
a) A existência de
microorganismos: se for colocada certa quantidade de calda de esgotos em
um frasco com um tanto de água e em seguida esterilizar a solução, não
haverá consumo de oxigênio no frasco. Isto é, a quantidade de oxigênio
dissolvido, inicialmente existente permanecerá a mesma nos dias
seguintes.
b) A existência de
condições aeróbias: não havendo oxigênio dissolvido não pode haver seu
consumo. Além disso, os microrganismos presentes devem ser aeróbicos
(não é possível a respiração anaeróbia em presença de oxigênio). Mas há
condições que merecem ser compreendidas: se o esgoto lançado em um rio
tiver uma parte solúvel e outra sólida, insolúvel ( e geralmente o tem),
esta última irá precipitar-se no fundo do rio ou do frasco, formando
lodo orgânico (ou de esgoto). Assim, embora haja oxigênio na água
superficial, o oxigênio não penetrará no interior do lodo, a não ser que
se induza uma mistura constante. Assim mesmo, será difícil a penetração
do oxigênio no interior das partículas sólidas. O lodo, então, será
decomposto anaerobicamente, enquanto que a parte dissolvida, superior,
terá decomposição aeróbia. Por conseguinte, só a parte superior gerará
demanda bioquímica de oxigênio e não o lodo depositado. Por isso, em
todo corpo d’água com pequena velocidade de escoamento, por melhor
oxigenado que seja, há sempre um ambiente anaeróbio no seu leito. Então,
para que não ocorra atividade anaeróbia, com suas conseqüências nocivas
e desprendimento de maus odores, deve-se adicionar oxigênio suficiente
ao meio para fomentar a atividade aeróbia.
c) A existência de
compostos assimiláveis: se os elementos orgânicos do esgoto não forem
biodegradáveis, não haverá decomposição biológica aeróbia ou anaeróbia.
Por conseguinte, não haverá condições para o desenvolvimento de DBO, uma
vez que não existirão microorganismos consumindo oxigênio.
A decomposição biológica tem um papel
vital na natureza: degradar a matéria orgânica restituindo seus
elementos ao meio. A decomposição aeróbia é mais vantajosa que a
anaeróbica: é mais rápida e não forma subprodutos orgânicos, ainda que
feita à custa do oxigênio do meio, originando a DBO.
A DBO, assim, é um fator positivo dos
ciclos vitais, ainda que seja necessário haver um equilíbrio entre o
consumo e a produção de oxigênio no meio. Para que essa relação não seja
prejudicada, não pode haver consumo excessivo, ou seja, excesso de
alimento em relação ao volume de água, uma vez que as reservas
disponíveis de oxigênio na água são limitadas. A manutenção desse
equilíbrio repousa, pois, em dois princípios ou providências:
1. A quantidade de alimento (esgoto e
outros despejos orgânicos assimiláveis) lançada ao corpo d’água deve ser
proporcional à vazão ou ao volume de água, isto é, à disponibilidade de
oxigênio dissolvido. Assim sendo, a quantidade de esgotos que produz
uma grave poluição se lançada num pequeno rio, extinguindo seu oxigênio,
poderá não causar nenhum dano num grande rio. O conceito de poluição é,
pois, relativo (ao volume de oxigênio do corpo receptor) e nunca
absoluto.
2. Caso a proporcionalidade acima
referida não seja possível, é necessário prover o meio aquático de
fontes adicionais de oxigênio. Isto se faz:
- intensificando sua aeração: a
turbulência de um rio que possui cachoeiras ou quedas d’água renova
muito mais rapidamente o seu oxigênio, a partir do ar atmosférico. Isto
pode ser provocado artificialmente, seja no rio ou no próprio esgoto,
antes de ser lançado, mediante borbulhamento de ar comprimido ou forte
agitação feita por rotores ou escovas rotativas;
- desenvolvendo condições favoráveis à
proliferação e atividade de microorganismos fotossintetizantes tais como
as algas microscópicas. Os vegetais clorofilados são fontes primárias
de oxigênio na natureza.
Bibliografia: MULLER. A. C., Introdução à Ciência Ambiental; Curitiba – PUC-PR; uso didático. Págs. 67 a 73.
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