Professor Antônio Edésio Jungles |
Por Silvia Franz Marcuzzo - EcoAgência
Assim como ele que apresentou evidências sobre a má gestão e a escassez desse precioso líquido, especialistas de outros segmentos mostraram exemplos de bom aproveitamento. O professor e consultor sobre o assunto fez conexões do que significa a persistência em uma sucessão de erros, principalmente pela ausência de estratégias de governo para a conservação e o melhor aproveitamento da água. Ele explicou que o problema de seca no Rio Grande do Sul, por exemplo, é decorrência da falta de planejamento e de infraestrutura, uma questão que se torna mais complexa, principalmente devido ao agravamento do aquecimento global.
Tucci mostrou através de gráficos e tabelas que o clima está realmente mudando e o território gaúcho poderá se transformar um estado com boas condições para a produção de café, o que exigirá uma mudança significativa na sua cultura agrícola. O Estado terá que se adaptar às temperaturas mais elevadas.
Outra questão levantada pelo consultor é sobre a necessidade de não se impermeabilizar radicalmente o solo, principalmente nas cidades, onde já vive 50% da população mundial. A capacidade de escoamento da chuva é reduzida em seis vezes quando o chão está impedido de absorver a água, isto é, há uma probabilidade muito maior para alagamentos. Na chuvarada ocorrida em Porto Alegre, em março deste ano, caiu mais de 60 milímetros em uma hora, o que deixou boa parte da cidade debaixo d´água. Com a recorrência de intensas precipitações e o amplo asfaltamento das zonas urbanas o problema deverá se repetir.
E uma das questões mais intrigantes constatadas pelos participantes do evento é: se já se sabe que desastres e intempéries vão acontecer, por que o poder público não se prepara para evitar esses problemas? Segundo Tucci, as iniciativas para tentar amenizar esse quadro estão desconectadas, “no governo federal, há ações fragmentadas em cada ministério”. O contexto é abordado conforme a visão de cada área.
Desastres Ambientais
Uma das consequências da falta de planejamento e da articulação entre os poderes públicos e a sociedade são os frequentes desastres ambientais, como desmoronamentos, enchentes e deslizamentos. O professor Antônio Edésio Jungles, diretor do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas de Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina, confessou que antes de se envolver com esse tema, como a maior parte dos engenheiros, tinha uma visão mais tecnicista, não imaginava o que representavam os riscos ambientais.
No evento, comentou que depois de vivenciar uma articulação maior, com a criação do Plano Nacional para Gestão de Riscos, entende como é importante a transformação da informação em conhecimento. “É preciso levar soluções para a sociedade”, argumentou, salientando que o “conhecimento precisa ir além dos centros de pesquisa”. Jungles criticou a falta de cultura de não armazenar dados e registros de experiência, e também não transmitir o que isso pode significar para a sociedade.
Durante sua explanação no encontro promovido pela Associação Riograndense de Imprensa, assegurou que não estamos preparados para a vulnerabilidade. “Risco é sinônimo de insegurança, desastres é sinônimo de insustentabilidade”. A falta de um gerenciamento adequado dos resíduos sólidos, por exemplo, é um exemplo de vulnerabilidade.
Ele ainda revelou preocupação em se valorizar mais os prejuízos financeiros com os desastres do que com as vítimas fatais e a situação das famílias enlutadas. Para ele, as comunidades precisam ser preparadas para enfrentar as situações de risco. E observou: “levei tempo para entender que sustentabilidade passa pela sustentabilidade das pessoas”.
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FONTE: EcoAgência
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